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Ida do baterista do Sepultura para o Slipknot ainda reverbera, após um ano, e traz à tona casos afins entre bandas

Saídas de integrantes devem ser conduzidas com cuidado e transparência para evitar abalos no equilíbrio delicado entre os músicos de um grupo. Eloy Casagran...

Ida do baterista do Sepultura para o Slipknot ainda reverbera, após um ano, e traz à tona casos afins entre bandas
Ida do baterista do Sepultura para o Slipknot ainda reverbera, após um ano, e traz à tona casos afins entre bandas (Foto: Reprodução)

Saídas de integrantes devem ser conduzidas com cuidado e transparência para evitar abalos no equilíbrio delicado entre os músicos de um grupo. Eloy Casagrande, baterista que deixou o Sepultura um mês antes da turnê de despedida da banda mineira Reprodução / YouTube ♫ MEMÓRIA ♩ Quando um músico ou cantor decide sair de uma banda, ou é expulso dela, é sempre um momento decisivo que pode balançar o equilíbrio delicado entre os integrantes de um grupo. Em recente entrevista ao portal Over Drive, o guitarrista do Sepultura, Andreas Kisser, reverberou a abrupta saída do baterista Eloy Casagrande do grupo mineiro de heavy metal, em fevereiro de 2024, a um mês do início da turnê mundial de despedida da banda, Celebrating life through death. Kisser foi elegante, mas rememorou a “surpresa” tida com a decisão de Eloy Casagrande, motivada pela ida do baterista para o grupo norte-americano Slipknot, substituindo Jay Weinberg. O Sepultura teve que se reorganizar e ensaiar o show da turnê com Greyson Nekrutman, baterista convidado a assumir o lugar de Casagrande na banda. Por que Sepultura é a banda de heavy metal mais bem sucedida do Brasil A correria passou, mas a mágoa parece ter ficado. Embora polida, a abordagem da saída de Eloy Casagrande por Andreas Kisser deixa entrever nas entrelinhas que ainda há algum ressentimento e traz à tona casos afins ocorridos no universo pop nacional, geralmente no segmento do rock. Se os Titãs aceitaram relativamente bem a decisão de Arnaldo Antunes de deixar o grupo em 1992 para seguir carreira solo, a saída de Nando Reis pelo mesmo motivo provocou estremecimentos. Na época, os Titãs se sentiram traídos porque sentiram que Nando já tomara a decisão bem antes do comunicado em 2002. Somente o tempo conseguiu dissipar as mágoas e todos se reuniram, mais velhos e mais maduros, na turnê Reencontro de 2023. Houve também animosidade quando o baixista Champignon (1978 – 2013) decidiu sair da banda Charlie Brown Jr. em 2005 por questões mal resolvidas com Chorão (1970 – 2013), vocalista e mentor do grupo. Antes, em 1993, desentendimentos crescentes entre o vocalista Humberto Gessinger e o guitarrista Augusto Licks culminaram na decisão de Humberto de tirar Licks da banda Engenheiros do Hawaii, seis anos após a saída do baixista Marcelo Pitz em 1987. A saída de Licks foi parar nos tribunais. Na Legião Urbana, o clima ficou ruim quando o vocalista e líder inconteste do grupo, Renato Russo (1960 – 1996), expulsou o baixista Renato Rocha (1961 – 2015) antes da gravação do quarto álbum da Legião, As quatro estações (1989). Outra banda de Brasília (DF), a Plebe Rude também sofreu abalos sísmicos com as saídas de Jander Ribeiro, o Ameba (voz e guitarra) e de Gutje Woortmann (bateria) até se reestruturar com novas formações, sempre com Philippe Seabra à frente da Plebe. No universo do pagode, a decisão de Belo de sair do Soweto em 2000, quando o grupo estava no auge, também não foi bem recebida de início pelos integrantes da banda. Em muitos casos, o tempo se encarregou de diluir os ressentimentos, abafar os ruídos e reunir os músicos. Algo que provavelmente ocorrerá com os integrantes do Sepultura em relação ao ex-baterista Eloy Casagrande... Mas nem sempre tudo se resolveu com o tempo. Moral das histórias: saídas (ou expulsões) de integrantes devem ser conduzidas com cuidado e transparência para evitar abalos no equilíbrio delicado entre os músicos de uma banda.